Ilha do Pico
A segunda maior ilha dos Açores, com 444,9 km2 e de formato alongado graças aos seus 42 km de comprimento e 15,2 km de largura máxima.
A Ilha Cinzenta
A descoberta desta ilha pelos navegadores portugueses ocorreu algures entre 1449 e 1451, depois de já ter sido avistada a ilha Terceira. No início era conhecida como Ilha de Rei Dinis, e o nome actual surge porque ali se encontra a maior montanha portuguesa. Acredita-se que a ilha do Pico tenha sido a última ilha do grupo Central a ser povoada, num esforço que ocorreu principalmente a partir da década de 1480.
Os colonos vindos do Norte de Portugal, depois de fazerem escala nas ilhas Terceira e Graciosa, optaram por se estabelecer nas Lajes. Durante os primeiros cem anos, e por influência da vizinha ilha do Faial, a economia baseava-se na produção de trigo e de tinturarias. O clima seco e quente de algumas zonas da ilha e os recursos minerais dos solos lávicos levaram à introdução da vinha, principalmente da casta verdelho. Com o passar do tempo, a qualidade dos vinhos e bebidas espirituosas locais tornou-se conhecida dentro e fora da ilha, contribuindo assim para o aumento do desenvolvimento da vinha. O vinho foi exportado para a Europa e América, tendo o vinho verdelho alcançado fama internacional. Tanto que chegou a ser servido nas mesas dos czares russos.
A ligação ao Faial é quase umbilical. Por um lado, o porto de exportação dos produtos do Pico fica na Horta. Por outro lado, até à crise vitivinícola do século XIX, um grande número de proprietários rurais do Pico provinham da ilha vizinha. Durante o século XVIII, ocorreram fortes erupções vulcânicas, que previram o fim da era dourada da produção de vinho verdelho. Em meados do século XIX, a maioria das vinhas foi violentamente atacada por doenças como o míldio e a filoxera. Diante das perdas, com a tradição e o prestígio desaparecendo numa nuvem de fumaça, os cariocas ficaram com a opção de emigrar para o Brasil ou para a América do Norte. Aqueles que decidiram ficar tiveram que viver do mar.
Já no século XVIII, a ilha também estava envolvida na caça à baleia. Frotas inglesas e norte-americanas procuraram cachalotes nas águas que rodeiam o Pico. Os navios utilizavam os cais da ilha para descansar as tripulações, adquirir novos mantimentos, reparar os barcos e recrutar novos marinheiros para os ajudar a combater os gigantes dos oceanos. Durante a segunda metade do século XIX, a comunidade deu os primeiros passos na caça à baleia. A actividade de caça ao cachalote expandiu-se e espalhou-se pelas restantes ilhas até ao século XX, altura em que começou a declinar. Esta actividade terminou em 1986 com a proibição da caça à baleia, quando Portugal assinou a Convenção de Berna.
Recuperando e reinventando tradições muito antigas, o Pico está ainda muito ligado aos cachalotes. A indústria do turismo baseia-se na observação de baleias, sendo os cetáceos agora espécies protegidas. A produção de vinho também adquiriu uma nova importância com o seu contributo para a economia local que é dominada pela agricultura, pecuária e pesca. A singularidade da cultura da vinha do Pico é reconhecida internacionalmente, com a classificação da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico como Património Mundial, pela UNESCO, em 2004.